quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Orçamento da verdade



Estamos bem governados!

Este senhor, a quem todos os portugueses devem estar muito gratos, especialmente a Dona Euridice Pereira, Vitor Ramalho, António Duro e outros importantes da nossa praça, fez o favor de se aliar à direita para aprovar um orçamento de estado da verdade. Sim é verdade que vãos ser os mesmo de sempre a pagar a crise: os trabalhadores; sim é verdade que os mesmos de sempre vão manter as regalias e as mordomias; enfim, um orçamento à vista de todos, um orçamento verdadeiramente verdadeiro. Tão verdadeiro como a sua licenciatura. Atenção que eu como bom português, grato pelo esforço e dedicação que toda a direita está a ter para aprovar o orçamento, não duvido, nem por um segundo da verdade por detrás deste imenso e glorioso trabalho. Não ligo aos más-linguas que agoram berram ao vento: o ps na campanha eleitoral disse que o voto no partido socialista é um voto de combate à direita. Nem ligo aos invejosos que diziam que o voto no CDS-PP era o voto na mudança, ou até mesmo àqueles ignorantes que opinavam todos os dias que a política do PSD era de verdade. Só os obtusos dos comunistas, sempre errados e sem nenhuma razão, argumentavam mil vezes que PS, PSD e CDS são farinha do mesmo saco. Que grande injustiça! Os comunistas não querem é fazer nada. Acusar estes grandes partidos de traição aos eleitores só porque trabalham a sério para resolver os problemas do país, aprovando um orçamento de verdade.

Neste orçamento estão identificados os verdadeiros culpados da crise: os trabalhadores, os pobres, os pensionistas e os doentes. Estas camadas que, diga-se em abono da verdade, pouco fazen para o interesse nacional, recusando-se muitas vezes a trabalhar de borla ou, lutando por direitos, como se o país fosse uma sopa dos pobres, dão cabo das finanças públicas sempre de mão estendida à espera da migalha de quem trabalha. Homens como César das Neves, grande estadista e homem de sacríficios, porque afinal também ganha o salário mínimo (vezes ......), que defende a redução real e verdadeira dos salários abundantes dos funcionários públicos (corja de malandros à sombra do Estado), devem ser louvados. Outros, como alguns sindicalistas amantes de migas, que jantam com os melhores ministros de sempre, devem ser seguidos e integrados no "Hall of Fame" dos benfeitores de Portugal, ao lado do Sá Pinto e de outros grandes portugueses como o Liedson e o Pepe. Enfim, em nenhum país civilizado se vê a esquerda (de mentira, verdadeira só o PS e por vezes o PSD como diria Luís Nascimemto), com 20% dos votos. São estes os culpados dos problemas políticos que o país atravessa.

De verdade o orçamento irá resolver os problemas da nção e que fique registado que PS, com PSD e CDS são os heróis desta cruzada. São eles que devem receber os louros inerentes a esta luta. Eu já disse à minha mulher - Quero uma fotografia do Sócrates, da Manuela Ferreira Leite e do Paulo Portas, ao lado do retrato do Salazar que tenho na parede da sala. Assim deveriam fazer todos os portugueses!

Felizmente que o Benfica vai ser campeão. Estou certo de que no espaço de 3 meses, o déficit será recuperado e o Pinto da Costa irá integrar a equipa técnica do Braga, criando assim mais 2 postos de trabalho que se podem juntar aos mais de 150 000 criados pelo governo anterior. De verdade e só com verdade é que poderemos evoluir!

Cumprimentos verdadeiros, também ao António Vitorino!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Discurso do Embaixador do México

Um discurso feito pelo embaixador Guaicaípuro Cuatemoc, de ascendência indígena, sobre o pagamento da dívida externa do seu país, o México, embasbacou os principais chefes de Estado da Comunidade Europeia.

· A Conferência dos Chefes de Estado da União Europeia, Mercosul e Caribe, em Madrid, viveu um momento revelador e surpreendente: os Chefes de Estado europeus ouviram perplexos e calados um discurso irónico, cáustico e historicamente exacto.

· Eis o discurso:

· "Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500... O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento. Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 a 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

· Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

· Teria sido espoliação? Guarda-me Tanatzin de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

· Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.

· Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indemnização por perdas e danos.

· Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

· Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "MARSHALL MONTEZUMA", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.

· Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

· Não. No aspecto estratégico, delapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.

· No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

· Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

· Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, concluimos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

· Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

· Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

· Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

· Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, Guaicaípuro Guatemoc não sabia que estava expondo uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira Dívida Externa.